Notícias periódicas n.º 201 – Eleições, Privacidade, Governação

Eleições no Capítulo Português da Internet Society – Na sequência da convocação de eleições no capítulo, teve lugar em 3 de Julho de 2025 a assembleia eleitoral que elegeu os novos órgãos sociais da Associação ISOC Portugal Chapter. O notícias periódicas deseja as maiores felicidades aos novos corpos sociais.

Meta Pixels: mais um método invasivo de fazer rastreamento dos utilizadores no Android – De acordo com análises publicadas recentemente, a Meta introduziu scripts escondidos em páginas web que, uma vez executados, abrem canais nos telemóveis Android para as suas aplicações com o objectivo de fazer tracking dos utilizadores. Após análise do esquema, a EFF conclui mais uma vez: só a proibição de “tracking behavioral pode combater as violações de privacidade pelas Big Tech, pois o seu modelo de negócio baseia-se na violação da privacidade dos utilizadores.

Internet Governance Forum 2025 e WSIS+20

Teve lugar neste mês de Junho o Internet Governance Forum (IGF) mundial na Noruega. Neste fórum um dos temas centrais em discussão é a renovação e atualização da declaração WSIS+20 (World Summit on Information Society), que terá lugar para a semana em Geneva. Esta renovada declaração, será depois sujeita a futura aprovação pela Assembleia Geral das Nações Unidas, consagrará o modelo multi-participado (“multistakeholder”) de gestão da Internet tal como atualmente praticado pelo IETF, a ICANN, as Regional Internet Registries (RIRs), como por exemplo o RIPE, a APNIC, etc. e diversas iniciativas nacionais e regionais, e consagrará a participação das Nações Unidas no enquadramento do IGF como forma central de governação da Internet.

A Internet Society (ISOC) é adepta da renovação do WSIS+20 e da continuação do IGF e do modelo de governação subjacente. Como argumento fundamental desta sua visão, a ISOC desenvolveu, em conjunto com a ICANN, um balanço de aspetos positivos da evolução da Internet enquadráveis nos objetivos do IGF e do WSIS.

O funcionamento concreto dos organismos como o IETF, a ICANN, as RIRs, assim como iniciativas multi-participadas de desenvolvimento do acesso e do robustecimento da Internet através de Exchange Points, públicos ou privados, e do reforço de facetas de segurança promovidos pelas RIRs, operadores, assim como a iniciativa MANRS, não estão sujeitos a controvérsia.

No entanto, continua a não ser claro como é que este modelo consegue lidar com todos os problemas levantados pela Internet, nomeadamente aqueles que dizem respeito à sua regulação e ao controlo do seu impacto na vida social, económica e política. Estes problemas políticos e de regulação são uma espécie de “elefante no meio da loja de porcelana”. Uma primeira tentativa de abordar este tipo de questões é apresentada neste documento da ISOC, onde se aborda a problemática da responsabilidade dos intermediários. No entanto, essa discussão é ainda muito preliminar e imatura.


TERTÚLIA TÉCNICA

“Ossificação” da Internet – No blog dos APNIC Labs apareceram recentemente dois posts sobre este recorrente tema. No primeiro, a propósito de um incidente com versões de software BGP de diferentes fabricantes, lança-se a interrogação de que se a forma como a “Lei de Postel” tem sido seguida nas implementações contribui ou não a esta “ossificação”. No segundo, Geoff Huston faz uma análise mais geral sobre essa “ossificação” em diferentes protocolos.

Relatório sobre o progresso da adoção do Protocolo QUIC – Ver aqui

Nova solução para diminuir a carga sobre os Root Servers: Download da Root Zone pelos Forward Servers do DNS – Como noticiámos anteriormente, foi avançada a proposta de usar as tecnologias mais recentes de replicação de dados, para replicar a Root Zone do DNS nos diferentes Forwarder Servers, como forma de diminuir a carga sobre os Root Servers. Neste podcast essa solução é esmiuçada.

Como forçar uma conexão HTTP a usar a versão mais recente deste protocolo? Este How-To dá uma boa panorâmica do que fazer e do que se passa “na casa das máquinas dos protocolos”.


INTERNET E SOCIEDADE: NOTÍCIAS, ENSAIOS E REFLEXÕES

Num ensaio publicado por Thomas Meier e Kristina Khutsishvili na publicação Tech Policy.press, intitulado  Who Owns The Future? Ways to Understand Power, Technology, and the Moral Commons,defende-se que a concentração do poder digital nas Big Tech constituí uma disrupção das condições para uma cidadania democrática. O ensaio baseia as suas conclusões nas bases filosóficas da teoria das virtudes éticas e em estudos económicos conduzidos por Paul Samuelson e Joseph Stiglitz. O ensaio insere-se na série de ensaios The Coming Age of Tech Trillionaires and the Challenge to Democracy, da mesma publicação.