O Modelo Contratual da Governação de Domínios de Topo em debate – Num artigo publicado pelo projeto Internet Governance, chama-se a atenção para um debate em curso na ICANN centrado em propostas de alteração dos contratos entre a ICANN e futuros operadores de top level domains, as chamadas registries. Tais alterações permitiriam um menu de particularidades legais, que tornaria a gestão dessas regras um mosaico de possibilidades e de soluções à medida e a contento de governos e das registries. O debate coloca em cima da mesa uma alteração complexa, mas significativa, do processo de decisão da ICANN e do seu atual modelo de gestão “multi participado”.
A plataforma ChatGPT gera textos sobre a IA e o papel das Nações Unidas – De acordo com um artigo publicado no jornal online “Other News – Voices against the tide”, o sistema ChatGPT gerou um conjunto de respostas a questões sobre o papel das Nações Unidas, escolhidas por um seu funcionário. Um observador atento das respostas poderá constatar que as respostas apresentadas seriam, no essencial, as mesmas se as perguntas fossem sobre regulação da Internet por outra entidade envolvendo qualquer faceta com implicações sociais. Qual o valor então das respostas geradas? Um outro aspecto pouco debatido sobre estas plataformas de IA é o texto gerado simular uma resposta por uma personalidade humana (“eu acho que …”), quando é um algoritmo que gera o texto das respostas. Essa confusão tem sido propositadamente procurada por estes sistemas e deveria ser questionada pelas confusões que proporciona.
O Conselho da Europa aceita espiar telemóveis de jornalistas? De acordo com uma notícia publicada no jornal “The Guardian”, o Conselho da Europa propôs diretivas que prevêem a instalação de software de vigilância em telemóveis de jornalistas, se um Estado membro o solicitar quando a sua segurança nacional assim o exigir. De acordo com a mesma notícia, deputados do Parlamento Europeu condenaram esta possibilidade como um ataque grave à liberdade de imprensa. Aparentemente, a iniciativa da proposta é de membros das instituições de segurança francesas.
Espaço Tertúlia Técnica
Generalizam-se os observatórios de boas práticas de segurança sobre os sites Web e os serviços de Email – De acordo com este artigo publicado pelo observatório do Estado da Internet da Internet Society, a agência de Cibersegurança de Singapura introduziu um mecanismo público de teste da segurança dos sites Web e dos serviços de Email, semelhante ao WebCheck do CNCS português. O novo sistema de Singapura inclui pontuações numéricas dos domínios testados e um ranking por setores, como o observatório da Internet do ISOC Portugal.
Boas práticas sobre a utilização do DNS para registar informação de autenticação – Generalizou-se a prática de usar o DNS para provar que alguém tem poder sobre um dado domínio, à semelhança do uso de códigos de autenticação efémeros enviados por email para provar que alguém controla uma dada mailbox. No entanto, essa prática de segurança tem de ser usada de forma cuidadosa e com as “boas práticas” adotadas recentemente pelo IETF, na forma de um draft, como relata esta publicação no blog do APNIC.
Os protocolos HTTP/3 e QUIC conquistaram a Web – Este artigo, publicado pelo observatório do Estado da Internet da Internet Society, chama a atenção para as melhorias técnicas introduzidas pelos protocolos QUIC e HTTP/3, recentemente adotados pelo IETF, e para o progresso da sua adoção. O mesmo artigo é seguido por um outro que mostra as vantagens do QUIC para lidar com o uso de diferentes redes pelo mesmo telemóvel. O artigo atribui a rapidez da adoção aos méritos técnicos dos dois protocolos. No entanto, o mesmo esquece o impacto que teve na sua rápida adoção o facto de que o grau atual de concentração na Internet permite conduzir de forma muito mais rápida um processo de desenvolvimento, teste e normalização de novas soluções técnicas. Esse aspecto, positivo neste caso, também se poderia revelar fatal noutros, pois tende a concentrar o progresso técnico e inovativo em poucas instituições.